É verão no Rio de Janeiro. Como de costume, a temperatura se aproxima dos 40 graus. O bom carioca não perde tempo: coloca um traje de banho e corre para a praia.
Passados poucos minutos na areia, já se ouvem os gritos tão esperados por qualquer frequentador “Olha o mate gelado e o biscoito Globo”. São os ambulantes, vestidos com seu uniforme laranja característico, carregando galões de mate e suco de limão nos ombros e segurando sacos de biscoito Globo nas mãos.
Essa dupla inseparável é o lanche praticamente obrigatório do visitante das praias do Rio. É como imaginar ir a Portugal sem comer pastéis de nata. Bem difícil, não é?
A paixão do carioca é tão antiga que virou tradição. Não é apenas o sabor dos produtos, a refrescância do mate ou a crocância do biscoito Globo que mantém longevidade desse casamento até hoje. O segredo do sucesso está na memória afetiva que esse romance provoca; está no gosto de férias e de infância; na alegria peculiar do verão brasileiro.
A maior prova disso é a permanência das embalagens originais do biscoito Globo (bem a cara da década de 60) e a padronização das vestimentas do ambulantes com a marca do Matte Leão. Não serve qualquer biscoito de polvilho. Se não forem os “originais”, não vem com pitada de amor na receita.
Mas, e os noivos? Quem são eles?
O Mate
De coloração caramelada devido à torra da erva, o chá-mate é tradicionalmente bebido quente.
Na década de 50, não resistiu ao calor do Rio de Janeiro e assumiu sua forma gelada, quando chegou às areias do litoral fluminense.
Consumido geralmente com limão, essa bebida se tornou tão amada pelos cariocas que, em 2012, recebeu o título de patrimônio Cultural e Imaterial da cidade.
O biscoito Globo
Apesar de ter ganhado fama do Estado do Rio, sua origem é paulista. Apenas em meados da década de 60, encontrou a orla “do Leme ao Pontal”.
Sua receita é um mistério, porque não possui qualquer conservante, corante ou antioxidante e, mesmo assim, estão sempre fresquinhos, crocantes e saborosos. Os ingredientes são bem básicos: água, leite, óleo e, claro, o polvilho.
Uma curiosidade bastante interessante foi a preocupação dos donos da empresa com os ambulantes analfabetos. Não é à toa que há diferença de cores nas embalagens dos biscoitos doces (vermelho) e salgados (verde). Foi para os vendedores que não sabiam ler conseguirem identificar.